




Curioso, não? Como pode encaixar alí? Posso afirmar que a elaboração dessa peça é um aprendizado e tanto, e vale a pena tentar fazer. Segue a receita

Começando pelas madeiras, optei por uma cabeça em peroba e o cabo em pinus, por acreditar que o ideal seria a cabeça em uma madeira mais dura, para resistir melhor à pressão, e o cabo numa mais macia, para melhor flexibilidade e adequação ao encaixe. Seguem as fotos delas já cortadas e aparelhadas.



Como de costume, comecei o trabalho pela parte que julgo mais difícil, no caso, a cabeça do malho, onde ficam os recortes das furas.


Com a fura central já acertada, segui para o desenho e corte dos encaixes laterais. Fiz os cortes iniciais com um serrote japonês, mas não gostei muito do resultado. Além de forçar muito o serrote, os cortes ficam muito justos e difíceis de acertar a profundidade correta. Como cortei na linha determinada, fiquei sem margem para correções. Isso me gerou um problema no final do trabalho. Na próxima vou tentar com serrote de costa normal e deixar uma folga para acertar depois com o formão.

Aqui os encaixes já feitos com formão. Como disse, por não ter conseguido ajustar a profundidade das laterais uniformemente, o centro de ambos ficou com uma pequena lombada, que fiquei com medo de tentar ajustar e escavar demais, prejudicando as laterais dos encaixes. Talvez fosse melhor ficar com uma pequena valeta do que com essa lombadinha, pois prejudicou o resultado final. Reparem que o corte forma uma rampa. Ele é mais estreito na frente, longe da espiga central, e mais largo no fundo, aproximando-se o máximo possível da espiga central.





Aqui a marcação do cabo e o torneamento elíptico. Optei por deixar um pedaço excedente atrás do cabo para não correr o risco de quebrar quando fosse bater para encaixar na cabeça. A frente do cabo deve ser marcada passando uns três centímetros além do limite da cabeça, para facilitar a flexão dos dentes que serão feitos a seguir.




Já cortando o garfo na ponta do cabo, e os cantos dos dentes para o encaixe. O corte dos cantos, embora seguindo a linha corretamente, ficaram um pouco abaixo do limite da espiga central, coisa de meio milímetro, mas ocasionou um outro problema no final do trabalho. O importante é que a parte onde está a marcação do final do cabo fique com a espessura exata da frente da cabeça do malho, para não haver folga no encaixe. Reparem que os dentes do garfo são meio arredondados por dentro, para facilitar a flexibilização dos mesmos.


A hora da verdade! Iniciando o encaixe. Passei um tanto de cera na parte interna dos encaixes para facilitar o trabalho. Nesse momento deve-se, com cuidado, aproximar os dentes do garfo à espiga central. Se estiver usando uma madeira mais dura, use um grampo "C" para esse aperto, mas devagar para não quebrar o dente.


Depois de algumas pauladas, consegui finalizar o encaixe.

As pontas já cortadas e lixado, pronto para receber o acabamento.


Os problemas encontrados foram que as pequenas lombadas fizeram com que os dentes fossem forçados para cima. Em um dos lados, como a borda do encaixe estava muito afiada e o pinus é muito macio, acabou cortando um pouco a madeira do cabo, deixando uma pequena folga embaixo. Do outro lado, o pinus não aguentou a pressão e acabou rachando no meio, fazendo também com que o dente subisse e deixasse outra pequena folga. Corrigi esses defeitos colocando pequenos calços nas emendas, como é possível notar nesta foto.

O outro problema: Os cortes inferiores dos dentes, por terem sido feitos um pouco abaixo da linha da espiga central, deixaram um pequeno espaçamento entre a cabeça e o cabo, como é possível ver nesta foto, mas esse não corrigi, pois achei que ficaria parecendo uma emenda e tiraria o charme do malho.

Independentemente desses problemas, acho que consegui um bom resultado e, como disse, foi um aprendizado e tanto. Acredito que, no próximo, o grau de acerto deve melhorar. Abraços!